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Channel: Notas Musicais
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Fiuk tenta ser versão masculina de Anitta no sexista e artificial 'Vira-lata'

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Resenha de CD
Título: Vira-lata
Artista: Fiuk
Gravadora: Warner Music
Cotação: * 

É preciso chegar à sexta das 13 faixas do segundo álbum solo de Fiuk - Tá na cara, balada insossa composta e cantada por Filipe Kartalian Ayrosa Galvão com Manu Gavassi, aposta juvenil do produtor Rick Bonadio - para sentir que o disco virou. Antes, da primeira à quinta música, o álbum Vira-lata soa monocórdio por conta de letras sexistas em que Fiuk alardeia ser o pegador fodão. Já na faixa que abre o CD,Agora você quer(Fiuk e Bruno Casagrande), o filho de Fábio Jr. apresenta espécie de versão masculina de Baba, hit da efêmera Kelly Key. Mas, na real, o que o jovem ator e cantor paulista - atualmente com 23 anos - tenta ser mesmo no disco é uma versão masculina de Anitta, a funkeira pop que se tornou uma das sensações do universo pop brasileiro neste ano de 2013 com suas músicas que hasteiam a autoestima feminina em letras que enquadram os pretendentes da popozuda. Basta ouvir Escuta essa (Umberto Tavares, Jefferson Junior e Fiuk) para sacar que Fiuk - ídolo juvenil cuja popularidade não foi suficiente para fazer seu primeiro disco solo, Sou eu (2011), dar grandes lucros - quer mesmo pegar a onda de Anitta. O que não deve ser visto com surpresa. Afinal, a gravadora de Anitta e Fiuk - Warner Music - é a mesma. E os produtores dos discos de ambos - Mãozinha e Umberto Tavares - também são os mesmos. A propósito, basta ouvir a estéril batida eletrônica de Não fala nada (Fiuk) para perceber que as mãozinhas que formataram os discos são as mesmas. Em Vira-lata, Fiuk também tenta se impor como compositor, mas sua produção autoral - a exemplo do que mostra a balada Tempo (Fiuk e Titto Valle), uma das quatro faixas produzidas por Rick Bonadio - carece de um mínimo de identidade. Tudo soa trivial. E, como Vira-lata não nega a raça ao atirar para todos os lados, os alvos errados são muitos. Com o recorrente tom machista e sexista do disco, Toma toma (Umberto Tavares, Jefferson Junior e Thiago Moraes) é flerte com o funk populista, feito com a adesão de MC Sapão. Sou do bemé incursão pelo universo do hip hop, feita ao lado do rapper paulista Rappin' Hood, parceiro e convidado de Fiuk no tema. Já Eu não sou normal (Thiaguinho e Rodriguinho) é pisada - em falso - no terreno do pagode pop de Thiaguinho, com quem Fiuk alardeia sua fama de pegador na faixa. Em disco em que tudo parece calculado, até o reencontro de Fiuk com seu pai Fábio Jr. em Caso sério (Umberto Tavares, Jefferson Junior e Altair Lima) - faixa pontuada pelo balanço industrializado do disco e gravada com citação de Mas que nada(Jorge Ben Jor, 1963) - soa tão artificial quanto a música romântica do álbum, Fora de alcance (Umberto Tavares, Jefferson Junior e Alexandre Lucas), faixa escolhida pela Warner Music para promover o disco, em indício de que a gravadora não confia tanto no taco de Fiuk como pegador. A propósito: versão em português de Best night out, Nocaute (Umberto Tavares, Jefferson Junior e Edu Cruz) bate na tecla da pegada do amante latino. Já os versos da roqueira Foda-se (Fiuk e Bruno Casagrande) fazem voltar a impressão de que Vira-lata foi feito para pôr Fiuk no baile de Anitta. Só que, se uma mulher dando a decisão no eleitorado masculino ainda tem um certo charme (apesar de o repertório de Anitta ser quase tão ruim quanto o de Fiuk), um cara tentando se afirmar como pegador soa meramente bobo e chato.

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