"A noite do meu bem", gritou um espectador do fundo da plateia do Teatro Café Pequeno, no Rio de Janeiro (RJ), quando Nina Becker voltava para o bis do primoroso show Minha Dolores, em que canta músicas pouco conhecidas do repertório da cantora e compositora carioca Dolores Duran (1930 - 1959). O espectador queria ouvir a canção de 1959, o maior sucesso da obra autoral de Dolores. "Essa não é minha", argumentou com espirituosidade Nina, cantora e compositora carioca, que então reviveu Minha toada (Edson França e Dolores Duran, 1959), belo tema de toque ruralista gravado por Dolores em Esse Norte é minha sorte (Copacabana, 1959), álbum de tom nordestino. Quase um mês após ter estreado na Casa de Francisca, em São Paulo (SP), o show chegou na noite de 20 de dezembro de 2013 à cidade em que Dolores viveu sua vida e construiu sua obra nos dourados anos 1950. Na companhia de dois virtuosos músicos, Luis Barcelos (no bandolim) e Nando Duarte (no violão de sete cordas), a intérprete - em foto de Rodrigo Amaral -deu voz elegante à pérolas raras do repertório de Dolores, caso do samba-canção Outono (Billy Blanco), lançado por Dolores em 1952 em disco de 78 rotações por minuto editado pela extinta gravadora Star. Eis o roteiro seguido por Nina Becker na estreia carioca de Minha Dolores, show que, a convite do DJ Zé Pedro, a cantora vai registrar em estúdio para originar disco a ser editado em 2014 pela gravadora de Pedro, Joia Moderna:
1. Carioca 1954 (Ismael Netto e Antonio Maria, 1955)
2. Estatuto de boite (Billy Blanco, 1957)
3. O negócio é amar (Carlos Lyra e Dolores Duran, 1984)
4. Se é por falta de adeus (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1955)
5. Tradição (Ismael Silva, 1954)
6. Feiúra não é nada (Billy Blanco, 1957)
7. Manias (Celso Cavalcanti e Flávio Cavalcanti, 1955)
8. Canção da volta (Ismael Netto e Antonio Maria, 1954)
9. Coisa mais triste (Billy Blanco, 1958 / 1959)
10. Vou chorar (Lúcio Alves e Dolores Duran, 1960)
11. La Marie-vison (Roger Varnay e Marc Heyral, 1959)
12. Mi último fracaso (Alfredo Gil, 1954)
13. Outono (Billy Blanco, 1952)
14. Marca na parede (Ismael Netto e Mario Faccini, 1958 / 1959)
15. Coisas de mulher (Chico Baiano, 1957)
16. O amor acontece (Celso Cavalcanti e Flávio Cavalcanti, 1954)
17. Pano legal (Billy Blanco, 1956)
18. Solidão (Dolores Duran, 1958)
Bis:
19. Minha toada (Edson França e Dolores Duran, 1959)
20. Estrada do sol (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1958)