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Channel: Notas Musicais
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'Bixiga 70 III' dá polimento ao afrobeat da 'big-band' sem perda da energia

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Resenha de CD
Título:Bixiga 70 III
Artista: Bixiga 70
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * * 1/2

Formada em 2010, a big-band paulistana Bixiga 70 atinge o ápice de sua ainda curta carreira fonográfica com a edição, neste mês de abril de 2015, de seu terceiro álbum, Bixiga 70 III. A exuberância da grande maioria dos nove temas assinados coletivamente pela banda - formada por Décio 7 (bateria), Marcelo Dworecki (baixo), Cris Scabello (guitarra), Mauricio Fleury (teclado e guitarra), Rômulo Nardes (percussão), Gustávo Cék (percussão), Cuca Ferreira (sax barítono), Daniel Nogueira (sax tenor), Douglas Antunes (trombone) e Daniel Gralha (trompete) - dá uma impressionante coesão ao disco sem chegar a surpreender quem já detectou a evolução do grupo no álbum anterior, Bixiga 70 (Independente, 2013). Bixiga 70 III aprimora o som da e azeita (ainda mais) o suingue do grupo sem perda da energia, da espontaneidade e da pressão. A matriz continua sendo o afrobeat, mas, a exemplo do que já fizera no disco anterior, Bixiga 70 joga no seu contemporâneo caldeirão africano fortes temperos do Norte do Brasil (a influência do carimbó é detectada logo na introdução de Ventania, música que abre Bixiga 70 III), de Cuba, do jazz dos EUA e do funk da Black Rio. Gravado com a adesão do saxofonista e flautista Anderson Quevedo, o repertório inédito, autoral e coletivo foi composto pelos músicos ao longo de 45 dias de hibernação no seu estúdio Traquitana - situado no número 70 de rua do bairro paulistano do Bixiga, o que motivou o batismo da big-band - para gerar e parir Bixiga 70 III. Além de embutir pífanos que remetem ao universo musical da nação nordestina, os sopros de Mil vidas sinalizam que a recente incursão do grupo pelo Marrocos exerceu influência em um som que continua em estado de ebulição. 100% 13 (composição cuja título se refere ao fato de o QG da banda estar localizado na rua 13 de maio), Niran (com ecos do som criado pelo maestro baiano Letieres Leite para sua orquestra Rumpilezz), Di dancer e Machado são temas que soam pulsantes, inventivos (o rico amálgama de ritmos nunca é previsível em Bixiga 70 III) e - não menos importante - quase sempre convidativos à dança. No fim do disco, Pancadas - tema mais contemplativo em que se ouve com mais nitidez a percussão do som da banda - exala certa melancolia que soa como anticlímax em álbum inebriante que eleva o Bixiga 70 ao primeiro time da música instrumental produzida no Brasil.

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