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Parceiro fundamental de Milton, Fernando Brant sai de cena em Minas aos 68

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Fez-se noite no viver de todos que admiram a música brasileira, em especial os sons tão mineiros quanto universais do Clube da Esquina. Parceiro fundamental de Milton Nascimento, autor da letra da seminal Travessia, música que em 1967 deu projeção nacional ao então iniciante compositor carioca, o compositor mineiro Fernando Brant (Caldas - MG, 9 de outubro de 1946 / Belo Horizonte - MG, 12 de junho de 2015) saiu de cena na noite de ontem, em Belo Horizonte, aos 68 anos, em decorrência de complicações de cirurgia no fígado. Brant chegou a se formar em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, mas entra para a história do Brasil por ter advogado em favor da liberdade através das letras que fez para músicas compostas por Milton e por sócios-fundadores do Clube como Lô Borges, de quem foi parceiro em Paisagem na janela (1972). Parceria que abarcou Nelson Angelo em Canoa, Canoa (1977). Através dos versos cantados pela voz divina de Milton, Brant denunciou a escuridão em que o Brasil se encontrou a partir da segunda metade dos anos 1960 e ao longo de toda a década de 1970. Os versos de Brant foram faróis de luz naqueles tempos de trevas. Sem jamais abrir mão da poesia, Brant se alinhou com as lutas pela liberdade travadas em toda a América Latina (San Vicente, 1972), lembrou com nostalgia de tempos em que o ar era menos pesado (Saudade dos aviões da Panair, 1974), saudou a força da mulher brasileira que jamais negou a raça (Maria, Maria, 1976) e celebrou a comunhão entre artista e plateia (Canções e momentos, 1986). Sem desmerecer a importante contribuição literária do poeta fluminense Ronaldo Bastos (outro importante parceiro de Bituca) para a obra de Milton, Brant foi fundamental para que a obra de seu amigo de fé tivesse adquirido um tom sacro, épico e político ao longo dos anos 1970. Cantor bissexto, Brant poucas vezes subiu ao palco para dar voz à sua obra monumental. Mas soube mostrar aos cantores que era preciso ir onde o povo está (Nos bailes da vida, 1981). Por tudo isso, e por muito mais (Canção da América, inclusive, a pungente música de 1979 sobre a perenidade da amizade), fez-se noite no viver dos amantes da música brasileira. Letrista de Encontros e despedidas (1981), Fernando Brant partiu ontem à noite no mineiro trem azul, mas deixa poética obra musical de importância social, humana e política que vai transcender o negror (e o brilho) de seu tempo e de eras futuras. Boa viagem, Fernando Brant!!

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