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Channel: Notas Musicais
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Com conceito frágil, DVD que resume 30 anos de 'Rock in Rio' cai no karaokê

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Resenha de CD e DVD
Título:Rock in Rio 30 anos - Box Brasil
Artista: vários
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * 

♪ Para celebrar os 30 anos do Rock in Rio e as três décadas de pop rock no Brasil, já que a primeira edição do festival de Roberto Medina consolidou em 1985 a abertura do mercado roqueiro nativo, a empresa Musickeria idealizou projeto fonográfico - recém-posto no mercado pela gravadora Universal Music nos formatos de CD e DVD - com 30 gravações inéditas de sucessos do pop nacional, feitas por artistas desse universo pop sob a direção e produção musical de Liminha. Como geralmente acontece em projetos coletivos, o resultado dos covers oscila. Há quem honre a missão lhe confiada, como o rapper carioca Marcelo D2, que interpreta com pegada Samba makossa (Chico Science, 1994) - em homenagem ao mentor do movimento Mangue Beat, o pernambucano Chico Science (1966 - 1997) - e Polícia (Tony Bellotto, 1986), música dos Titãs que poderia figurar em qualquer disco de D2. Confirmando seu bom momento, Baby do Brasil energiza o rock Semana que vem (2003), de autoria de Pitty, que retribui com gravação digna de sucesso dos Novos Baianos associado à Baby, A menina dança (Moraes Moreira e Luiz Galvão, 1972). Só que o hit de Baby no grupo baiano foi lançado 13 anos antes da primeira edição do Rock in Rio - o que expõe a fragilidade do conceito do projeto, reiterada quando Frejat dá voz à canção Na rua, na chuva, na fazenda, lançada por Hyldon em compacto de 1973. Posto isso, o Skank acerta o tom de Para Lennon e McCartney (Lô Borges, Márcio Borges e Fernando Brant, 1970) e de Andar com fé (Gilberto Gil, 1982). Mas há momentos típicos de karaokê. Quando Paulo Ricardo solta a voz em Tempo perdido (Renato Russo, 1986), com arranjo idêntico ao do registro original da Legião Urbana, o ouvinte / espectador tem a impressão de estar em karaokê. E por falar em Legião Urbana, a banda toca Toda forma de poder (Humberto Gessinger, 1986) e Por você (Maurício Barros, Roberto Frejat e Mauro Santa Cecília, 1999) sem soar como Legião - o que prova que a identidade da banda estava na voz de Renato Russo (1960 - 1996). A propósito, Dinho Ouro Preto - que, na primeira fase do Capital Inicial, dava a impressão de querer ser Russo - se realiza no seu karaokê ao dar voz a Quase sem querer (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Renato Rocha, 1986) - com citação de Será (Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Russo, 1985) - e a Geração coca-cola (Renato Russo, 1985). O clima de karaokê permanece quando o grupo Suricato revive com reverência Pro dia nascer feliz (Roberto Frejat e Cazuza, 1982), primeiro sucesso radiofônico do Barão Vermelho. Justiça seja feita: a banda de reggae Cidade Negra se afina com o tom esfumaçado de Legalize já (Marcelo D2 e Rafael Crespo, 1995), sucesso do álbum que projetou o Planet Hemp há 20 anos. Já o trio Os Paralamas do Sucesso reitera seu contínuo entrosamento mais ao defender Inútil (Roger Moreira, 1983) do que Tempos modernos (Lulu Santos, 1982). Enfim, entre karaokês e regravações bacaninhas, como a abordagem de Seu espião (Leoni, Paula Toller e Herbert Vianna, 1984) pelo grupo Pato Fu, fica a sensação de que o Rock in Rio merecia projeto mais azeitado, à altura da importância e da popularidade do festival. Faltou mais rigor no conceito.

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