♪RETROSPECTIVA 3º TRIMESTRE DE 2015 - Encerrado hoje, 30 de setembro, o terceiro semestre deste ano de 2015 já inseriu três álbuns na lista de melhores discos do ano. Curiosamente, são três álbuns de três cantores e compositores. Enquanto as cantoras se destacaram nos palcos, três cantores lançaram discos irretocáveis. Hélio Flanders iniciou sua carreira solo com o primoroso Uma temporada fora de mim (Deck), doído álbum lançado em setembro. Fora do universo musical do Vanguart, grupo de Cuiabá (MT) que o projetou no universo pop, o cantor e compositor mato-grossense mostrou evolução como intérprete e como compositor neste disco autoral que arde na fogueira das paixões, com toques de tango. Com mais leveza, Danilo Caymmi deu voz e frescor ao cancioneiro de seu pai, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008), em Don don (Maravilha 8), disco gravado e assinado pelo cantor e compositor carioca com o baixista Bruno Di Lullo e com o baterista Domenico Lancellotti, expoentes da cena musical carioca. Disponível por ora somente nas plataformas digitais, nas quais chegou em 28 de agosto, Don don oferece visão contemporânea da obra de Dorival sem desfigurar as músicas do compositor baiano. Duas semanas antes, em 14 de agosto, Toni Platão jogou na rede - sem aviso prévio - seu melhor álbum, Lov (Independente), disco quente, gravado com pegada e com a produção de Berna Ceppas. Por ora também lançado somente em edição digital, Lov priorizou as canções de amor para lembrar que Platão (ainda) é um dos melhores cantores da geração roqueira revelada nos anos 1980. Embora não seja um disco perfeito, por deixar a sensação de ser longo demais, o segundo ótimo álbum de Emicida, Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa (Laboratório Fantasma / Sony Music, 2015) - lançado em agosto - merece menção honrosa por apontar e denunciar o racismo com músicas que alternam fúria e delicadeza. Se os homens deram os tons dos discos, as mulheres reinaram nos palcos. Sob a direção de Elias Andreato, a cantora paulistana Fabiana Cozza depurou seu canto, seu gestual e sua postura cênica em seu melhor show, Partir, baseado no excelente homônimo quinto álbum de Cozza Já Fafá de Belém fez seu coração assumidamente brega bater mais forte em espetáculo dirigido por Paulo Borges que amplificou o sentido do repertório extremamente popular de um álbun, Do tamanho certo para o meu sorriso (Joia Moderna), que fez a cantora paraense voltar com força à mídia e ao mercado fonográfico após anos de discos de menor expressão e quase nenhuma repercussão. Por fim, quase no apagar das luzes do trimestre, Gal Costa festejou seus 70 anos no palco com a estreia nacional de luminoso show, Estratosférica, no qual a senhora cantora baiana reitera a sintonia com a cena contemporânea - exposta no perfeito CD lançado em maio - enquanto se reflete no espelho cristalino dos momentos áureos dos seus 50 anos de carreira.
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