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Channel: Notas Musicais
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Na onda tecnopop dos anos 1980, 'Vista pro mar' leva Silva para seu lugar

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Resenha de CD
Título:Vista pro mar
Artista: Silva
Gravadora: Slap / Som Livre
Cotação: * * 1/2

"Quem quiser ir além-mar / Vai se deixar levar no mar / Pro seu lugar", adverte Silva através de versos de Maré, última das onze músicas autorais do segundo álbum do cantor e compositor capixaba. Repleto de sons que o põem na onda tecnopop dos anos 1980, elevada à potência máxima na faixa Disco novo, Vista pro mar leva Lúcio Silva de Souza para o seu devido lugar na cena pop contemporânea. E esse lugar é o de um compositor ainda em busca de uma batida pop, sem uma produção autoral relevante que justifique o hype alimentado em torno de seu nome no volátil universo indie. Vista pro mar alinha onze parcerias do artista com seu irmão Lucas Silva no repertório inteiramente inédito e autoral. A (boa) ideia foi fazer um álbum mais orgânico, dando ênfase à construção das melodias para não deixar Vista pro mar calcado mais na sonoridade do que nas músicas em si - como aconteceu com Claridão (Slap / Som Livre, 2012), o primeiro álbum de Silva, sucessor do EP jogado pelo artista na rede em outubro de 2011. Só que jamais emerge uma grande música desse mar de canções, jogando a ideia por água abaixo. Aquecida com trio de metais, a música-título Vista pro maré a que mais se aproxima da perfeição pop. Mas fica no meio caminho, assim como Janeiro, outro destaque de um repertório que, a rigor, não chega a empolgar. Produzido pelo próprio Silva, que pilota sintetizadores entre outros cinco instrumentos, Vista pro mar soa até coeso ao roçar um conceito sonoro e poético. Muitas letras falam de mar, a exemplo de É preciso dizer, música cuja introdução remete a new age. Há sons de ondas em Entardecer. Só que, no caso, a coesão deságua em linearidade. Se o mar de Silva soasse um pouco mais revolto, o álbum talvez crescesse. Contudo, as músicas soam uniformes como o canto do artista, por mais que haja dose maior de eletrônica em Capuba e por mais que a arquitetura de Universo acene descaradamente - sem apelo - para o pop radiofônico. Em sintonia com essas águas plácidas, o canto suave de Fernanda Takai em Okinawa se afina com o universo de Silva neste álbum que faz marola, levando o artista pro seu lugar, afundando a intenção de torná-lo um artesão pop. 

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