Quantcast
Channel: Notas Musicais
Viewing all articles
Browse latest Browse all 4098

Ao ensaiar para DVD, Beth remexe em obra repleta de sambas que ficam

$
0
0
Resenha de show
Título:Ensaio aberto
Artista: Beth Carvalho (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Centro Cultural João Nogueira - Imperator(Rio de Janeiro, RJ)
Data: 26 de março de 2014
Cotação: * * * 1/2

"Essa fica", avalizou o público após Beth Carvalho cantar Pandeiro e viola, samba de Gracia do Salgueiro que deu título ao seu quarto álbum, o último dos três LPs lançados pela cantora carioca pela gravadora brasileira Tapecar entre 1973 e 1975. A plateia do Imperator - casa de shows do Centro Cultural João Nogueira, situada no subúrbio do Rio de Janeiro (RJ) - queria dizer que Pandeiro e viola, segundo dos 36 números do show feito por Beth na casa em 26 de março de 2014, deveria ficar no repertório do DVD que a sambista ia gravar três dias depois, em 29 de março, no Parque de Madureira, também no subúrbio carioca. A apresentação do Imperator se chamava Ensaio aberto justamente porque, nela, Beth testava junto ao (seu) público o roteiro que pretendia eternizar no quinto registro audiovisual de sua carreira. A ideia (boa) era evitar os sucessos batidos, já registrados em seu primeiro DVD de caráter retrospectivo, A madrinha do samba ao vivo convida (Indie Records, 2004). Mas foi difícil eleger o que de fato vai entrar no seu próximo DVD. De acordo com a sentença do público, quase todos os 36 números do longo roteiro tinham que ficar. O que também tinha sua razão de ser, pois Beth estava remexendo em obra repleta de sambas que ficaram na memória popular. Mesmo os (aparentemente) esquecidos - como Senhora rezadeira (Dedé da Portela e Dia, 1979) e o partido alto Ô Isaura (Rubens da Mangueira, 1978) - são sambas de qualidade perene. Sob a direção musical do maestro Ivan Paulo, criador dos arranjos tão funcionais quanto convencionais, Beth passou em revista uma discografia das mais dignas e coerentes da música brasileira, com justa ênfase nas músicas de seu último disco de inéditas, Nosso samba tá na rua (EMI Music, 2011), e na produção autoral do compositor carioca, autor de pérolas do pagode como Coisa de pele (Jorge Aragão e Acyr Marques, 1986), Lucidez (Jorge Aragão e Cleber Augusto, 1991), Tendência (Ivone Lara e Jorge Aragão, 1991) e do carnavalesco Toque de malícia (Jorge Aragão, 1984). Novidade na voz de Beth, O meu lugar (Arlindo Cruz e Mauro Diniz, 2005) tinha mesmo lugar no roteiro por ser samba que celebra Madureira, bairro carioca escolhido para ser o cenário da gravação do DVD. Das duas inéditas, Se a fila andar (Toninho Geraes e Toninho Nascimento) - número pontuado pelo clarinete de Dirceu Leite - é samba triste que versa sobre o fim de um caso de amor. Também para baixo, Parada errada (Serginho Meriti, Rogê e Rodrigo Leite) - escrito sob a ótica de mãe esperançosa de tirar o filho do vício do crack - é samba com letra mais forte do que a melodia. Já Estranhou o quê? - samba de Moacyr Luz que, embora apresentado como inédito por Beth, já ganhou registro fonográfico no CD / DVD Moacyr Luz e Samba do Trabalhador - Ao vivo no Renascença Clube (Lua Music, 2013) - é o provável futuro sucesso da gravação ao vivo que vai ter Zeca Pagodinho em Arrasta a sandália (Dayse do Banjo e Luana Carvalho, 2011) e Lu Carvalho, sobrinha de Beth. O refrão "Estranhou o quê? / Preto pode ter o mesmo que você"é curto, grosso e contagiante. No mais, Beth cantou samba à moda baiana de Ivone Lara, Alguém me avisou (1980), entre sucessos acumulados em (49) anos de carreira que vai ficar para sempre.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 4098

Trending Articles