Thiaguinho conta a mesma história de pagode romântico no terceiro solo

Cantor paulista projetado como vocalista do grupo Exaltasamba, Thiaguinho é nome em evidência atualmente no universo do samba diluído e rotulado como pagode romântico. Com a máquina global da gravadora Som Livre acionada a seu favor, o artista tem ampliado seu raio de ação no mercado musical - a ponto de apresentar um programa no canal de TV Multishow, o recém-estreado Música boa ao vivo - sem aprimorar seu repertório. Terceiro título da discografia solo de Thiaguinho, o álbum de inéditas Outro dia, outra história contraria seu título de tom renovador com pagodes que (re)contam as mesmas histórias de romantismo trivial típicas do gênero. Basta ouvir faixas como Sem você a vida é tão sem graça (Filipe Duarte) e Dividido (Douglas Lacerda e Vianna) para perceber que Thiaguinho continua na mesma frequência musical do Exaltasamba. Nesse sentido, o EP Mais e mais (Som Livre, 2013) resultou ligeiramente mais ousado no confronto de seu repertório com músicas atuais da natureza de Para de sumir (Thiaguinho, Gabriel Barriga e Jezrrel). Dois anos após receber convidados como Gilberto Gil e o jogador de futebol Neymar no show perpetuado no DVD e CD ao vivo Ousadia & alegria (Som Livre, 2012), Thiaguinho faz conexão com Lulu Santos na música-título Outro dia, outa história (André Lemmos, Thiaguinho e Rodriguinho). Além de tocar guitarra bow na faixa, Lulu declama a parte falada da introdução da música e divide com Thiaguinho os versos da segunda parte. O suingue é diferente. Contudo, nem esse approach pop com Lulu e tampouco o rap criado e inserido em História de amor (Luciano Bolão e Kaja) por Rodriguinho - parceiro de Thiaguinho, com quem assina a produção do álbum - alteram substancialmente o samba pagodeiro do cantor em Outro dia,outra história. Mesmo sendo uma diluição do cancioneiro ensolarado do cantor Bebeto, Caraca, muleke! (Thiaguinho e Gabriel Barriga) acaba sendo o destaque de disco moldado e dirigido para o mercado populista.