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Exposição sobre Macalé se ocupa de espaços e fatos íntimos do artista

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Resenha de exposição
Título:Ocupação Jards Macalé
Curadoria: Itaú CulturaleLourenço Mutarelli
Local:Itaú Cultural (São Paulo, SP)
Cotação:* * * * *
Em cartaz de terça-feira a domingo, no Itaú Cultural (São Paulo), até 6 de julho de 2014

Poucas exposições descortinam tão a fundo os bastidores da vida e obra de um artista ainda vivo como a ótima exposição dedicada a Jards Macalé na série Ocupação do Itaú Cultural. Ao adentrar o espaço intitulado Macalândiae percorrer os diversos ambientes da exposição, dividida em cinco eixos (Amor, HQ, Influências, Obra e Política) pelo curador Lourenço Mutarelli, o espectador ocupa espaços íntimos da criação do artista. Além das habituais exposição de álbuns e oferta de material audiovisual, a Ocupação Jards Macalé se diferencia, pairando acima de projeto similares, pelo alto índice de exposição de informações íntimas, desvendadas pela exibição de objetos e manuscritos do acervo pessoal do artista. As cartas dizem mais sobre a personalidade de Macalé do que todo o material convencional. É comovente a carta em que Macalé presta conta aos pais do destino da mesada recebida nos tempos de juventude. Outra carta - endereçada por Caetano Veloso a Macalé - não deixa dúvidas da participação essencial e decisiva do cantor, compositor e músico carioca na concepção do álbum Transa (Philips, 1972). Na carta, Caetano pede a Macalé que aceite fazer o disco porque não entende o álbum sem a presença do artista. As fotos também são raras, como a que mostra Macalé e Maria Bethânia na boate carioca Jangadeiros, no Rio de Janeiro (RJ), em 1967. Com grande criatividade, o curador ocupa espaços e cria ambientes na Macalândia que retratam o espírito ainda transgressor e indomado do artista. O espectador é convidado, por exemplo, a se trancar num banheiro, em cujas paredes estão reproduzidas frases repletas de poesia e filosofia. Em outro instante, a entrada em Gothan City torna a Ocupação Jards Macalé um programa sensorial. Todos os ambientes são sonorizados por trilha sonora que extrapola a obra autoral do artista, ecoando músicas ouvidas por Macalé em seu cotidiano. Aos 71 anos de vida e 50 de carreira, Macalé continua coerente. Preenchida por capas de revistas (várias de cunho erótico), cartazes de shows e capas de álbuns, a Ocupação Jards Macalé traça, sem cronologias e formalismos, a rota de um artista que jamais perdeu o rumo desde que foi gravado pela primeira vez por ninguém menos do que a cantora carioca Elizeth Cardoso (1920 - 1990). A dedicatória da mãe de Macalé  na contracapa do LP A meiga Elizete vol. 5 (Copacabana, 1964) - saudando o filho pela gravação de sua música Meu mundo é seu (parceria do compositor iniciante com Roberto Nascimento) - é exemplo da habilidade da exposição de retratar fatos públicos sob ótica íntima e pessoal. Mérito que torna a Ocupação Jards Macalé um programa imperdível. Entre na Macalândia e ocupe os espaços de Macalé!!!

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